Esse foi meu primeiro texto sobre o parkour, a primeira vez que eu tentei descobrir alguma coisa sobre ele por meio da escrita.
Quando escrevi, não tinha um blog, por isso ele nunca veio pra cá.
Depois de 3 meses sem postagens, resolvi postar ele aqui, pra dar um up, mesmo, e pra compartilhar o meu texto pessoal favorito.
:*
“Primeiro, pra vocês entenderem:
Tinha essa indagação, porém preferia responder por mim proprio. Porém um caso que me ocorreu hoje me fez sentir vontade de compartilha-la, pois acabei encontrando parte de minha resposta.
Estava a tarde treinando, e como de costume, as poucas pessoas que passavam pelo local ficavam me fitando, pensando o que é que “o macaco tá fazendo lá em cima”...
Porém, hoje um senhor parou, me fitou, me chamou, e quando fui até ele, pediu-me explicações sobre o que era o que eu estava fazendo, dei-lhe a explicação universal, david belle, ultrapassagem do ponto A ao B, ponto B ao A, e assim por diante.
Ele ouviu tudo calado, e me perguntou, assim que terminei:
“Mas por que você faz isso?”
Eu me senti impulsionado a dar a mesma resposta comum, que qualquer um daria; para ser útil, para me superar.. porém me veio a mente que ele não havia me perguntando pra que, e sim por que.
Um texto que me ajudou muito na minha jornada no parkour foi o “meu parkour” do Pe... Lá ele me ensinou a sempre que sair pra treinar, sair com o intuito de provar a mim mesmo que eu podia ser melhor. Que eu controlo meu corpo, meu ambiente. Mas qual a razão para superar-se?
Isso me lembra algo que estudei em filosofia, a algum tempo. Meu professor leu o texto sobre a propaganda da sprite, traduzida pelo duddu, e soltou uma pergunta para a sala:
“por que o homem quer voar?”
Quantas vezes você não viu qualquer pessoa, tracer ou não, dizendo que seu maior sonho é voar?
A matéria me lembrou exatamente isso.
A analogia do parkour de alcançar espaços que não são nossos por direito. Ou pelo menos, antes de entrarmos no profundo mundo do parkour, não eram.
Digo, o debate sobre as reais aptidões humanas, aquilo que a natureza nos destinou, é uma areia movediça bem profunda... poderíamos nos afundar eternamente nela! Pensando nisso, e após séculos de discussões, muitos pensadores chegaram à seguinte conclusão:
A única aptidão natural do homem é a de desenvolver novas aptidões.
A humanidade sempre buscou superar a si mesma como uma forma de se reafirmar como “humana”, como capaz de ultrapassar os limites da nossa constituição genética:
Isso é o que realmente nos definiria como diferentes dos animais - não simplesmente o pensar, mas o desejo de estar sempre em construção, de estar sempre mudando, de escalar a parede de nossas próprias limitações, e sobre ela construir os seus reinos!
O parkour é só um nome, porém o que ele representa é parte da nossa natureza!
Uma parte de nós que a sociedade esqueceu. A sociedade se acomodou e esqueceu de evoluir!
Aquele senhor não foi o primeiro, nem será o último a me perguntar sobre o parkour. Mas acredito que foi a primeira, de todas as proximas vezes que vou estranhar uma pergunta feita por pessoas que pela qual, dentro delas proprias, está a resposta. Eu nunca tinha entendido a frase “meu sonho é abrir a janela, e olhar lá fora, e todos estarem praticando o parkour” até hoje.
Nós realmente não somos diferentes. Buscamos o que de mais humano há
Assim, o conceito de “natural” não faria sentido ao ser humano, não além dos atributos ambientais e genéticos:
A nossa essência, aquela que nos define como humanos, é ilimitável e inominável. Ela nos motiva a nos desconstruirmos e darmos um passo a mais, além do "difícil" e do "impossível", pois é assim que nos sentimos vivos. Somos egoístas, pretensiosos, prepotentes... e isso é uma parte do grande todo que nos empurra adiante.
E tentaremos ultrapassar os céus, mesmo que não tenhamos nascido com asas, se esse for um obstáculo para a nossa caminhada.”
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